Tanto os homens quanto as mulheres podem ser objeto e sujeito da violência, mas a situação social das mulheres favorece para que, na maioria das vezes, sejam elas as destinatárias de violências estruturais e conjunturais.
Mas, afinal, o que consideramos violência?
Violência é uma maneira de atuar que ofende e prejudica o outro por meio do uso da força. Essa força pode ser tanto física, quanto uma pressão psicológica, que se concretiza como forma de violência emocional, invisível, simbólica e econômica. Muitas vezes, a violência psicológica passa despercebida pela vítima, pois tais ações (agressões) passaram a ser consideradas naturais ou habituais pela cultura – principalmente porque fazem parte de um grande mosaico que constitui a posição machista que assumimos no social – condenando a vítima para permanecer num lugar de silêncio. Não se fala, não se denuncia por medo de ser culpada pelos atos violentos e perder posições sociais importantes para ela, como o cargo de trabalho.
Essa dinâmica do silêncio em que a vítima se submete pode atingir aquilo que nos constitui como pessoa, a nossa subjetividade. Prejudicar a subjetividade é enfraquecer aquilo que nos estrutura e abrir espaço para um desequilíbrio emocional e para sintomas que podem ser tanto psíquicos (da mente) quanto físicos (do corpo). Neste sentido, podemos ter consequências de uma desestruturação psíquica, que prejudica os aparelhos de percepção e psicomotricidade, o raciocínio e os recursos emocionais; como também apresentar sintomas tais como
- inibição intelectual
- falta de confiança em si mesma
- dificuldades de autoafirmação
- estados de depressão permanente com resistência a antidepressivos
- depressões severas que podem levar ao suicídio.
A grande questão para as vítimas de violência doméstica é quebrar esse pacto de silêncio que fazem consigo mesmas, tarefa nem um pouco fácil pois, na grande maioria das ocorrências, o agressor as mantém presas nessa crença de que não podem confiar em mais ninguém e, por estarem emocionalmente frágeis, acabam se colocando e se mantendo nesse lugar sigiloso. Porém, se conseguirem adquirir a coragem para procurarem ajuda, devem investir num conjunto de assistências profissionais:
- Psicoterapia Familiar
- Psicoterapia Individual (de preferência com psicólogos)
- Auxílio Jurídico para proteção (caso seja necessário).
É importante lembrar que os profissionais de saúde, principalmente os psicólogos, trabalham com um contrato de sigilo, o que significa que as informações compartilhadas com ele só serão divulgadas para terceiros por meio do consentimento do paciente. Assim, criamos um espaço seguro e protetor onde as vítimas podem reconstruir sua essência e aprimorar sua autoconfiança para, finalmente, colocarem-se em outro lugar perante o contexto social.